Proposta da entidade
empresarial é oposta à das centrais sindicais, que tentam reduzir jornada de 44
para 40 horas por semana
Após
mais de duas horas de reunião com o presidente interino Michel Temer e com
cerca de 100 empresários do Comitê de Líderes da Mobilização Empresarial pela
Inovação (MEI), o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI),
Robson Braga de Andrade, disse nesta sexta-feira que, para o governo melhorar a
situação do déficit fiscal, serão necessárias "mudanças duras" tanto
na Previdência Social quanto nas leis trabalhistas.
Temer
deixou o evento sem falar com a imprensa. Em entrevista depois do encontro,
Andrade sugeriu que o Brasil adote iniciativas similares às do governo francês,
que, de forma independente do Parlamento, conseguiu autorizar uma carga horária
de até 80 horas semanais e de doze horas diárias para os trabalhadores.
Andrade, no entanto, se equivocou. O texto francês prevê o aumento do tempo
máximo de trabalho diário para 12 horas, e semanal, de até 60 horas. "Um déficit de 139 bilhões de reais [para 2017]. Acho que foi uma demonstração de responsabilidade do governo apresentar as dificuldades que têm e o esforço que
será feito para contornar essas dificuldades", afirmou o presidente da
CNI.
Segundo
ele, ao considerar que, em 2016, o déficit será 170 bilhões de reais, a
conclusão é que haverá, em algumas áreas, crescimento de despesas
governamentais. "É claro que a iniciativa privada está ansiosa para ver
medidas duras, difíceis de serem apresentadas. Por exemplo, a questão da
Previdência Social. Tem de haver mudanças na Previdência Social. Caso
contrário, não teremos no Brasil um futuro promissor", acrescentou. Robson
Braga defendeu também a implementação de reformas trabalhistas. Para ele, o
empresariado está "ansioso" para que essas mudanças sejam
apresentadas "no menor tempo possível".
"Vimos
agora o governo francês, sem enviar ao Congresso Nacional, tomar decisões com
relação às questões trabalhistas. No Brasil, temos 44 horas de trabalho
semanal. As centrais sindicais tentam passar esse número para 40. A França, que
tem 36 passou, para a possibilidade de até 80 horas de trabalho semanal e até
doze horas diárias de trabalho. A razão disso é muito simples", argumentou
o dirigente. "A França perdeu a competitividade de sua indústria com
relação aos demais países da Europa. Agora, está revertendo e revendo suas
medidas para criar competitividade.
O mundo é assim e temos de estar abertos para fazer essas mudanças. Ficamos ansiosos para que essas mudanças sejam apresentadas no menor tempo possível", argumentou o empresário.
O mundo é assim e temos de estar abertos para fazer essas mudanças. Ficamos ansiosos para que essas mudanças sejam apresentadas no menor tempo possível", argumentou o empresário.
O
presidente da CNI reiterou a posição da entidade, contrária ao aumento de
impostos. "Somos totalmente contra qualquer aumento de imposto. O Brasil
tem muito espaço para reduzir custos e ganhar eficiência para melhorar a
máquina pública antes de pensar em qualquer aumento de carga tributária. Acho
que seria ineficaz e resultaria, neste momento, na redução das receitas, uma
vez que as empresas estão em uma situação muito difícil", disse ele.
Também
presente no evento, a presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico
e Social (Bndes), Maria Silvia Bastos Marques, informou que o banco investiu 6
bilhões de reais em inovação nos últimos dois anos. A MEI, com a qual Temer se
reuniu, agrega mais de 100 líderes das maiores empresas do país. O grupo tem o
objetivo de formular propostas de políticas públicas e estimular a inovação nas
empresas.
(Com
Agência Brasil)
Fonte:
abril
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