Agência Brasil e reprodução de vídeo |
Villas Bôas, o general das horas de aperto do regime de exceção
O general Eduardo Villas Bôas funciona como uma espécie de sentinela do sentimento militar que tutela a democracia brasileira e as instituições.
Ele controla o pulso do regime de exceção; prescreve os remédios e as soluções – ou tweets – a cada momento de dificuldade ou ameaça.
No episódio devastador das gravações feitas pelo empresário corrupto Joesley Batista e o não menos corrupto Michel Temer [18/5/2017], nas quais os criminosos combinavam propinas e acertavam a proteção financeira de Eduardo Cunha, o então comandante do Exército saiu em defesa do ilegítimo Temer e do esquema de corrupção daqueles que tomaram de assalto o poder. Ele então publicou o seguinte tweet:
“A Constituição Federal Brasileira há de ser sempre solução a todos os desafios institucionais do país. Não há atalhos fora dela!”.
Em 3 de abril de 2018, quando o STF julgaria a concessão de habeas corpus para impedir a prisão ilegal e arbitrária de Lula, o então comandante do Exército Villas Bôas publicou um tweet com uma ameaça ao Supremo:
“Asseguro à Nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais”.
Cerca de ano e meio depois, em entrevista à Folha de SP [11/11/2018], o general admitiu a interferência indevida para ameaçar o STF e tirar Lula da eleição. Por incrível que pareça, nada aconteceu com o general apesar desta grave confissão:
“Nós conscientemente trabalhamos sabendo que estávamos no limite. Mas sentimos que a coisa poderia fugir ao nosso controle se eu não me expressasse. Porque outras pessoas, militares da reserva e civis identificados conosco, estavam se pronunciando de maneira mais enfática. Me lembro, a gente soltou [o post no Twitter] 20h20, no fim do Jornal Nacional, o William Bonner leu a nossa nota”. [aqui]
Ainda como comandante do Exército, Villas Bôas instalou na presidência do STF exercida por Dias Toffoli uma “assessoria militar”.
Nomeou para o cargo o general Fernando Azevedo e Silva, posteriormente substituído por Ajax Porto Pinheiro, uma vez que o primeiro aceitou convite de Bolsonaro para o ministério da Defesa.
E, finalmente, nesses dias de desmoralização completa da Lava Jato e evidenciação da conspiração Globo-Lava Jato que derrubou Dilma e instalou o regime de exceção no Brasil, o general Villas Bôas – agora no cargo de assessor especial do Augusto Heleno – no dia 11 de junho passado publicou tweet para ameaçar “oportunistas” [sic] que tentam “esvaziar” [sic] a Lava Jato:
“Momento preocupante o que estamos vivendo, porque dá margem a que a insensatez e o oportunismo tentem esvaziar a operação lava a jato, que é a esperança para que a dinâmica das relações institucionais em nosso país venham a transcorrer no ambiente marcado pela ética e pelo respeito ao interesse público. Expresso o respeito e a confiança no Ministro Sérgio Moro”.
Não fosse gravíssimo o fato de um general que já comandou o Exército defender a conspiração e a destruição do Estado de Direito, seria risível o fato dele expressar “o respeito e a confiança no Ministro Sérgio Moro”.
Villas Bôas é o general das horas de aperto do regime de exceção; é peça-chave da engrenagem conspirativa que levou o país ao abismo.
Bolsonaro não esconde que chegou ao posto da Presidência graças à interferência indevida do general Villas Bôas.
Na cerimônia de posse do ministro da Defesa, em 3 de janeiro deste ano, Bolsonaro expressou sua gratidão ao tutor do regime de exceção. Disse o capitão:
“General Villas Boas, o que já conversamos morrerá entre nós. O senhor é um dos responsáveis por eu estar aqui”.
Fonte: viomundo
0 comentários:
Postar um comentário