OUTRO LADO |
Prédio no Guarujá: defesa de Lula diz que ex-presidente teve apenas cota de aquisição de unidade |
por Helder Lima, da RBA
Advogado
Waldir Ramos da Silva, autor da queixa que fundamenta inquérito no caso do
apartamento do Guarujá, tentou resgatar R$ 295 mil com documento falso em ação
coletiva contra a Bancoop
Era
dezembro de 2014 e o processo corria normalmente na 25ª Vara Cível do Foro Central de São Paulo. Um grupo de
compradores de unidades em um condomínio da Bancoop (Cooperativa Habitacional
dos Bancários) no Jardim Anália Franco, zona leste da cidade, questionava a
necessidade de rateio extra para a conclusão das obras e tinha, assim, os
valores da ação depositados em juízo.
Participante
do grupo, o ex-bancário José Roberto Parolina não teve tempo de acompanhar os
desdobramentos do processo. Ele morreu em 12 de novembro de 2009, e sua causa
passou a ser representada pelos familiares.
Finalmente,
após cinco anos, o processo apontava para a conclusão. E o advogado Waldir
Ramos da Silva, contratado pelo grupo, apresentava agora uma procuração para
resgatar o valor da ação, que envolvia a quantia de R$ 295.226,13.
Mas
qual não foi a surpresa dos familiares de Parolina ao ver que a procuração
tinha a assinatura do falecido. O advogado apresentou uma procuração falsa, em
nome de José Roberto Parolina, com sua assinatura, e isso acendeu uma luz
vermelha no processo.
O
advogado Waldir Ramos da Silva é o mesmo que em agosto de 2015 formulou a
representação criminal contra o ex-presidente Lula no inquérito do Ministério
Público de São Paulo sobre suposta ocultação de patrimônio no caso do
apartamento triplex no Guarujá. A denúncia foi concluída hoje (9) pelo MP, e se
for aceita pela Justiça o ex-presidente passará a ser réu na ação.
A
procuração falsa foi detectada pelos herdeiros a tempo de evitar que o advogado
se apropriasse dos recursos. A juíza bloqueou o acesso à quantia ao receber o
atestado de óbito que comprovou a falsidade da procuração. Atualmente, o
processo está concluído, depois de ter sido feito acordo de transferência do
empreendimento para os condôminos.
Os
familiares de Parolina apresentaram em 22 de janeiro de 2015 uma petição para
anular a procuração. Nela, afirmam que “é insofismável informar que a
procuração ad-judicia outorgada ao procurador Waldir Ramos da Silva entende-se
ser falsa”. Ainda destaca que o autor jamais poderia ter sublinhado a
assinatura datada de 9 de dezembro de 2014.
Representantes
da família de Parolina registraram também o crime de falsidade ideológica na
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP), mas até hoje não obtiveram qualquer
resposta da entidade. Tentaram ainda fazer um boletim de ocorrência, mas não
conseguiram pelo fato de o documento original falsificado não poder sair do
processo – eles têm, no entanto, um ofício que atesta a ida à delegacia para
solicitar a queixa de crime.
A
Bancoop também pediu ao juiz a instauração de processo policial para verificar
a questão de documento falso. Atualmente, Waldir Ramos da Silva ainda age como
assistente de acusação dos promotores José Carlos Blat e Cássio Conserino no
MP-SP. Ele também representa proprietários de obras da Bancoop em outras ações.
Procurado
pela reportagem da RBA, o advogado afirma que está prestando esclarecimento nas
esferas adequadas, e que o caso tem um “procedimento próprio que está sob
sigilo” e não pode se manifestar. Fosse outro contexto, a história já teria
vazado há tempos, se acaso pudesse servir aos objetivos do Judiciário e da
mídia comercial de destruir o governo Dilma, a eventual candidatura de Lula em
2018 e o PT.
Confira
abaixo a imagem da procuração falsa e o atestado de óbito de José Roberto
Parolina:
Fonte:
redebrasilatual
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