A
Polícia Federal parece ter aprendido o caminho das pedras.
Primeiro
veio a Zelotes, apurando desvios que podem chegar a R$ 20 bilhões, e, mais
importante, pondo em evidência o Carf, uma instituição que, apesar de lidar com
dívidas tributárias entre 500 e 1 trilhão de reais, não tem nenhum controle
social ou democrático.
Ninguém
sabia, até então, sequer o que era Carf, e a maioria continua não sabendo -
porque a mídia de massa não faz campanhas de esclarecimento.
É
um mistério. Por que a Globo nunca fez programas jornalísticos especiais sobre
o Carf?
*
Depois
a PF iniciou uma operação no Rio Grande do Norte, também envolvendo crimes
tributários. Os desvios foram estimados em mais de R$ 500 milhões.
E
hoje a PF acaba de anunciar outra operação anti-sonegação de grande porte, a
Operação Patriota, envolvendo desvios de quase R$ 900 milhões.
A
mídia dá a notícia, mas não põe em destaque, não põe na manchete ou na primeira
página, não faz editorial, não junta pontos, não vai atrás da repercussão, não
cria apelido com ão, não faz infográfico, não articula uma campanha com vários
órgãos de mídia.
A
mídia só quer saber de escândalo que possa usar para detonar o PT. Ponto.
O
objetivo da mídia brasileira é detonar o PT e eleger o PSDB, que se tornou,
descaradamente, um partido responsável pelo lobby da mídia e dos interesses
americanos no Brasil (sobre isso, falaremos mais no próximo post).
O
resto é o resto. Não interessa que corresponda a dezenas de bilhões de recursos
desviados. Se não der para associar ao PT, a mídia abafa.
Felizmente,
a sociedade já começou a ficar independente dessa mídia. É um processo ainda
incipiente, mas acelerado e irreversível.
O
Brasil quer lutar contra toda a corrupção. Do PT, do governo também, claro, mas
de todos os partidos, governos e empresas. Aliás, apenas uma democracia
avançada, com instituições sólidas, consegue se autoconceder liberdade política
suficiente para que haja investigações contra o próprio governo, contra
diretores de estatais e membros de partidos ligados ao governo.
Sempre
há o perigo, porém, dessas investigações serem tragadas por conspirações
políticas, e isso é uma maneira de enganar a democracia, transformando a
suposta liberdade política de se investigar um governo num instrumento do
arbítrio para burlar a vontade popular.
Vontade
popular que, sempre é importante lembrar, não se mede em institutos de
pesquisa. A única pesquisa política oficial do regime democrático é o sufrágio
universal.
A
sonegação no Brasil movimenta valores acima de R$ 500 bilhões, sete vezes
superior ao montante estimado da corrupção anual.
Essa
magnitude faz com que a sonegação deixe de ser apenas uma questão moral.
O
nível de sonegação no Brasil se tornou uma questão gritante de injustiça
fiscal. E se junta à discussão sobre o imposto para grandes fortunas.
Se
o governo e sua bancada forem inteligentes, podem propor a redução do imposto
de renda para classe média e assalariados, e aumento da tributação sobre o patrimônio
dos ultrarricos, além do aumento da fiscalização.
Não
será difícil, acho eu, formar maiorias parlamentares para aprovar leis de
justiça fiscal. A mídia tentará ser contra, mas ficará emparedada por seus
próprios leitores de classe média, que ficarão entusiasmados com propostas
nessa linha.
O
governo poderia também propor redução tributária para pequenos comerciantes,
estimulando o setor que mais gera emprego no país.
Outro
setor que poderia ser conquistado pelo governo é o de profissionais liberais,
sobretudo advogados e médicos, que vivem tentando burlar o fisco. Deveria haver
um programa de desoneração progressiva e desburocratização tributária para esse
tipo de atividade, de maneira a descriminalizar o trabalho desses
profissionais.
*
PF
faz operação em Brasília para apurar fraude de até R$ 875 milhões
Operação
Patriota investiga gestores do ramo de transporte e turismo.
Agentes
cumprem 18 mandados de busca e 11 de condução coercitiva.
Isabella
Calzolari e Vianey Bentes
Do
G1 DF e da TV Globo, em Brasília
A
Polícia Federal realiza na manhã desta sexta-feira (22) em Brasília uma
operação para investigar um suposto esquema de fraude fiscal que pode ter
chegado a R$ 875 milhões. O grupo empresarial apontado como alvo da operação é
dono de ao menos sete empresas ligadas ao transporte, turismo e hotelaria.
A
PF não divulgou os nomes dos suspeitos, mas apuração do colunista do G1 Matheus
Leitão indica que o alvo da operação é o empresário Wagner Canhedo, que foi
dono da empresa aérea Vasp e que chegou a ser preso em regime semiaberto em
2013 em processo por sonegação fiscal.
Segundo
o chefe da Delegacia de Combate a Crimes Financeiros da Polícia Federal, João
Thiago Oliveira Pinho, o grupo é bastante conhecido na capital federal e
algumas das empresas já tiveram falência decretada. Os empresários são
suspeitos ainda de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e falsidade
ideológica.
O
filho do empresário, Wagner Canhedo Filho, estava até as 12h10 na PF, em uma
sala onde agentes tomam depoimentos. Ele saiu da Superintendência da PF por
volta das 13h e não falou com a imprensa.
Canhedo
Filho foi preso em flagrante por posse ilegal de arma. Na casa dele foram
encontradas duas armas com registro vencido, uma sem registro e o documento de
uma arma que estava no escritório dele. O empresário pagou R$ 38 mil de fiança.
Ao
todo, 18 mandados de busca e apreensão e 11 mandados de condução coercitiva
foram expedidos, além da prisão em flagrante por posse ilegal de arma. De
acordo com Pinho, o grupo usava empresas de fachada em nome de laranjas para
desviar o dinheiro que seria recolhido para pagamento de impostos.
“Essas
empresas transferiam grande parte do patrimônio para empresas laranjas em nomes
de familiares e ex-funcionários e faziam operações de empréstimos que eram de
gaveta”, afirmou o delegado. “Estamos investigando o grupo há um ano, mas ele
vem há décadas fugindo da execução fiscal e cometendo diversas fraudes.”
Com
essa operação, a administração das empresas ficará a cargo de um auditor fiscal
indicado pela Receita Federal a pedido da Justiça. Com o afastamento dos
gestores e a posterior indicação de um auditor fiscal, a polícia pretende
garantir que as empresas continuem funcionado, os empregos dos funcionários do
grupo sejam mantidos e os valores devidos ao Fisco voltem a ser recolhidos.
“A
grande diferença nesse caso é que vamos substituir a gestão dos
empreendimentos. É um caso relativamente inédito de forma que o gestor atual
será substituído por um auditor da Justiça”, disse Pinho.
Ao
menos dois carros foram apreendidos durante a operação. Segundo a polícia, nem
todas as sete empresas do grupo continuam em funcionamento. A PF identificou
quatro empresas de fachada.
A
operação acontece em parceria com a Procuradoria da Fazenda Nacional. O
procurador do órgão Pablo Pedrosa disse acreditar que será difícil a
recuperação do dinheiro supostamente desviado.
“Considerando
a dívida de R$ 875 milhões, é de difícil recuperação, mas medidas como essa [de
um auditor fiscal cuidar das empresas] vão diminuir esse déficit de recuperação
e recuperar esse dinheiro que é público, fruto de impostos não pagos”, disse.
Pedrosa
contou que o órgão iniciou as investigações em 2014. “Somente a partir de 2014
a gente identificou esse processo de operação e obtivemos decisões judiciais
favoráveis no âmbito da execução fiscal que acabaram resultando nessa
parceria."
Fonte:
ocafezinho
0 comentários:
Postar um comentário