sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Blindagem ao PSDB: Propina a Aécio levou seis meses para vazar




Há duas maneiras de ler a Lava Jato: pelas manchetes e pelas entrelinhas.

As manchetes são para a tacar o PT e as entrelinhas são para proteger o PSDB.

A manipulação da mídia parece ser um braço da justiça imparcial no Brasil e isso ficou claro no episódio de mais uma menção ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), na Operação Lava Jato.

Nos depoimentos de delação premiada, qualquer mínima menção ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou ao PT é vazado no mesmo dia pela justiça imparcial e ganha as manchetes dos principais jornais do país.

Na última quarta-feira (30/12/2015), o repórter Rubens Valente, da Folha – que não pertence a suposta máfia da mídia/Lava Jato – apurou que a deleção premiada do entregador de dinheiro do doleiro Alberto Youssef, Carlos Alexandre de Souza Rocha, afirmando que levou R$ 300 mil (Veja Aqui), no segundo semestre de 2013, a um diretor da UTC Engenharia no Rio de Janeiro, que lhe disse que a soma iria ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), não foi feito nesta semana, como todos pensavam. O depoimento é de junho passado. Isso mesmo, já se passaram seis meses para que a imprensa divulgasse algo sobre o caso.

Tentativa de blindar Aécio Neves

Logo que a Folha de S. Paulo divulgou que Aécio Neves tinha sido mencionado, mais uma vez, em delação premiada, a mídia/Lava Jato tratou de vazar, no mesmo instante, outro depoimento que indicava pagamento de propinas ao presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) e a um senador da Rede, Randolfo Rodrigues.

E nada dos jornais publicarem em suas primeiras páginas a delação premiada de que o presidente do PSDB, Aécio Neves, teria recebido R$ 300 em propina no ano de 2013.

O início da manhã, por volta das 6h, o portal Uol chegou a publicar em manchete a denúncia sobre propina envolvendo o nome do senador Aécio Neves, mas às 8h, duas horas depois, a manchete já havia desaparecido misteriosamente. Depois que leitores notaram o sumiço da matéria e reclamaram, ela reapareceu, por volta de 9h. (Veja Aqui).

Mais blindagem ao senador Aécio Neves

Segundo Luis Nassif do Jornal GGN, o ex-Ministro Ayres Britto do STF engavetou por dez anos, sem nenhuma explicação, o inquérito sobre o mensalão mineiro. Tinha que apresentar em uma sessão, foi tomar um café no intervalo, e na volta simplesmente deixou de falar sobre o inquérito.

Do mesmo modo, desde 2010 dorme na gaveta do PGR um inquérito contra Aécio Neves, acusado de ter conta no paraíso fiscal de Liechtenstein em nome de uma offshore. Como o próprio Procurador Geral observou, na denúncia contra Eduardo Cunha, o uso de offshores visa esconder a verdadeira identidade dos titulares da conta. E se visa esconder, é porque o dinheiro é de procedência duvidosa.

De fato, o país precisa ser passado a limpo. E a Lava Jato tem feito um trabalho completo de desvendar as maracutaias de um lado, o PT. Mas esconde e blinda os malfeitos do outro lado, PSDB.

Se ataca só o lado do PT – a ponto de deixar por um fio o mandato de uma presidente paralisado – e poupa o lado do PSDB, é evidente que instrumentaliza o combate à corrupção em favor de interesses corporativos e políticos.

Essa hipocrisia não pode perdurar muito, ainda mais em um ambiente de redes sociais.

Digno de nota

Somente seis meses após a deleção ser vazada é que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, vai analisar, mas somente após o recesso do Judiciário, se deverá ou não abrir um inquérito para investigar os senadores Aécio Neves (PSDB-MG), Renan Calheiros (PMDB-AL) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

Eu não entendi… Quer dizer que primeiro tem de sair na mídia para depois Janto analisar se abrirá um inquérito para investigar o caso? E Janot não tem acesso aos depoimentos? Ele não ficou sabendo disso há seis meses atrás?


Fonte: netcina

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