Há
duas maneiras de ler a Lava Jato: pelas manchetes e pelas entrelinhas.
As
manchetes são para a tacar o PT e as entrelinhas são para proteger o PSDB.
A
manipulação da mídia parece ser um braço da justiça imparcial no Brasil e isso
ficou claro no episódio de mais uma menção ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), na
Operação Lava Jato.
Nos
depoimentos de delação premiada, qualquer mínima menção ao ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva ou ao PT é vazado no mesmo dia pela justiça imparcial e
ganha as manchetes dos principais jornais do país.
Na
última quarta-feira (30/12/2015), o repórter Rubens Valente, da Folha – que não
pertence a suposta máfia da mídia/Lava Jato – apurou que a deleção premiada do
entregador de dinheiro do doleiro Alberto Youssef, Carlos Alexandre de Souza
Rocha, afirmando que levou R$ 300 mil (Veja Aqui), no segundo semestre de 2013,
a um diretor da UTC Engenharia no Rio de Janeiro, que lhe disse que a soma iria
ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), não foi feito nesta semana, como todos
pensavam. O depoimento é de junho passado. Isso mesmo, já se passaram seis
meses para que a imprensa divulgasse algo sobre o caso.
Tentativa
de blindar Aécio Neves
Logo
que a Folha de S. Paulo divulgou que Aécio Neves tinha sido mencionado, mais
uma vez, em delação premiada, a mídia/Lava Jato tratou de vazar, no mesmo
instante, outro depoimento que indicava pagamento de propinas ao presidente do
Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) e a um senador da Rede, Randolfo Rodrigues.
E
nada dos jornais publicarem em suas primeiras páginas a delação premiada de que
o presidente do PSDB, Aécio Neves, teria recebido R$ 300 em propina no ano de
2013.
O
início da manhã, por volta das 6h, o portal Uol chegou a publicar em manchete a
denúncia sobre propina envolvendo o nome do senador Aécio Neves, mas às 8h,
duas horas depois, a manchete já havia desaparecido misteriosamente. Depois que
leitores notaram o sumiço da matéria e reclamaram, ela reapareceu, por volta de
9h. (Veja Aqui).
Mais
blindagem ao senador Aécio Neves
Segundo
Luis Nassif do Jornal GGN, o ex-Ministro Ayres Britto do STF engavetou por dez
anos, sem nenhuma explicação, o inquérito sobre o mensalão mineiro. Tinha que
apresentar em uma sessão, foi tomar um café no intervalo, e na volta
simplesmente deixou de falar sobre o inquérito.
Do
mesmo modo, desde 2010 dorme na gaveta do PGR um inquérito contra Aécio Neves,
acusado de ter conta no paraíso fiscal de Liechtenstein em nome de uma
offshore. Como o próprio Procurador Geral observou, na denúncia contra Eduardo
Cunha, o uso de offshores visa esconder a verdadeira identidade dos titulares
da conta. E se visa esconder, é porque o dinheiro é de procedência duvidosa.
De
fato, o país precisa ser passado a limpo. E a Lava Jato tem feito um trabalho
completo de desvendar as maracutaias de um lado, o PT. Mas esconde e blinda os
malfeitos do outro lado, PSDB.
Se
ataca só o lado do PT – a ponto de deixar por um fio o mandato de uma
presidente paralisado – e poupa o lado do PSDB, é evidente que instrumentaliza
o combate à corrupção em favor de interesses corporativos e políticos.
Essa
hipocrisia não pode perdurar muito, ainda mais em um ambiente de redes sociais.
Digno
de nota
Somente
seis meses após a deleção ser vazada é que o procurador-geral da República,
Rodrigo Janot, vai analisar, mas somente após o recesso do Judiciário, se
deverá ou não abrir um inquérito para investigar os senadores Aécio Neves
(PSDB-MG), Renan Calheiros (PMDB-AL) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
Eu
não entendi… Quer dizer que primeiro tem de sair na mídia para depois Janto
analisar se abrirá um inquérito para investigar o caso? E Janot não tem acesso
aos depoimentos? Ele não ficou sabendo disso há seis meses atrás?
Fonte:
netcina
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