quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Delegacia de defesa de direitos humanos no PI não consegue nem telefonar



Violação de direitos humanos no Piauí atinge principalmente os travestisGetty Images

Guilherme Azevedo
Do UOL, em São Paulo

A delegacia responsável por investigar casos de desrespeito aos direitos humanos no  Piauí  sofre com a falta de dinheiro. Segundo Emir Maia, delegado-titular da Delegacia de Defesa e Proteção dos Direitos Humanos e Repressão às Condutas Discriminatórias, os telefones não ligam para fora, isto é, fazem apenas chamadas internas. Também faltam carros e equipamentos.

A equipe é reduzida, formada por oito pessoas no total: Maia, um escrivão e seis investigadores.

"Apesar de todo o compromisso do governo do Estado, essa carência dificulta o processo célere das demandas policiais. Mas isso não é privilégio do Piauí, é comum a todos os Estados", diz o delegado.

Com sede em Teresina, a delegacia foi criada pelo governo estadual em agosto de 2005. Segundo Maia, as denúncias que mais crescem são as de tortura (por abuso de autoridade e em presídios) e de injúria racial pela população negra.

Mas o principal alvo de violação de direitos no Estado são os travestis. Os casos, entretanto, são difíceis de investigar, segundo o delegado, porque as vítimas mudam constantemente de endereço e de nome social. Por isso ele diz valorizar a ronda noturna para prevenir ataques contra esse grupo.

Arte/UOL


Denúncias sem endereço da vítima

Os registros encaminhados pelo  Disque 100, serviço para acolher, analisar e encaminhar denúncias de violação de direitos, recebidos normalmente no Piauí via correio, apresentam muitas vezes uma dificuldade: a ausência de endereço das vítimas. Sem essa informação, é grande a chance de o caso notificado não ir adiante.

Na quinta-feira (18), a reportagem do UOL entrou em contato com a Secretaria da Segurança Pública do Piauí para questionar sobre a condição precária da delegacia.

Em nota, o órgão respondeu que a delegacia "recebe anualmente suprimento de fundo para a manutenção básica da estrutura" e que, nos próximos meses, será "transferida para um complexo que abrigará a Delegacia da Mulher e Delegacia do Idoso em um espaço cedido pelo governo do Estado".

A secretaria informa ainda que "o delegado responsável possui dois telefones para o recebimento e realização de ligações locais e interurbanas, 0/xx/86/3215-4200 e 0/xx/86/99452-4200, e que não foi notificada sobre qualquer problema".

O UOL tentou falar várias vezes na tarde de terça-feira (23) nesses números, mas ninguém respondeu.

Serviço:

Delegacia de Defesa e Proteção dos Direitos Humanos e Repressão às Condutas Discriminatórias do Piauí - rua 24 de Janeiro, 500, centro, Teresina - tel. 0/xx/86/3216-5256


Fonte: uol

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